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SEM MANI(E)QUEÍSMOS, ELE RETRATA O COTIDIANO E NOSSA ALMA

*Pelo Convidado Thiago Henrick (TH)

Muito se fala da obra de Manoel Carlos. Tecem comentários tanto elogiosos como críticos. Amam, odeiam. Dizem que só escreve para as mulheres, que perdeu o ritmo e o viço. Também costumam atribuir-lhe os melhores diálogos da teledramaturgia brasileira.

O aniversariante de hoje tem mesmo esse dom de poucos que é o de dividir opiniões. Faço-me presente no grupo dos admiradores – não cético, que fique bem claro. Sou fã condicional e faço questão de ser o primeiro a apontar os erros do meu ídolo. Mas não economizo mesmo latim para apontar em que pontos o acho incompreendido.

 

Em Por Amor, Helena trocava os bebês.

Acredito que o ponto máximo de seu talento é o retrato. Não só de lugares (Leblon, Teresópolis), ou do cotidiano, como se costuma lembrar. O retrato mais fiel que preconiza é o da alma humana. Fazer seus personagens viverem dramas, dilemas e situações absurdamente próximas da realidade. Em suas tramas, nunca é a ação que conduz os personagens, mas o inverso, justamente por ser assim na vida de tantas pessoas: o rumo que se toma depende dos “personagens” que encontramos no decorrer de nossa saga. Pessoas de senso mais prático não vêem com bons olhos atitudes quase insensatas e extremas de uma mãe que troca seu filho vivo pelo morto da filha na maternidade ou da que trai o homem que ama em troca de uma esperança pra salvar uma filha doente. Os dramas humanos sempre foram registrado do ponto de vista da sensibilidade e ele o faz com maestria!

 

Susana Vieira como Branca Letícia, em Por Amor.

Nas suas tramas, as vilanias são oriundas do comportamento humano. Não há maniqueísmo ou vilãs com gargalhadas de bruxa, “más sem motivo”. A gente consegue fundamentar atos de Branca Letícia de Barros Mota (Por Amor), ou de Alma Flora Pirajá de Albuquerque (Laços de Família) – mulheres fortes que tomam atitudes movidas por amor. De igual forma, suas mocinhas também não são princesas sem defeitos, muito pelo contrário! Suas Helenas são mulheres comuns, cheias de defeitos e que não negam isso em seus atos. Quem não torceu e massacrou ao mesmo tempo suas protagonistas? Quem não condenou e entendeu na mesma intensidade seus atos extremos e humanos? Só quem nunca amou…

Esse é outro tema recorrente das tramas de Maneco – o amor e suas mais variadas formas de manifestação. Sempre se vê um painel de grandes personagens que amam e sofrem as dores e delícias desse mal/bem. O amor aparece até nas formas menos óbvias – como no caso de Santana (Vera Holtz, em “Mulheres Apaixonadas”), apaixonada pelo álcool, diante de toda sem-graceza por qual sua vida rumou…ratifica com sucesso toda sensibilidade que nosso aniversariante deposita nas laudas que discorre. E é esse amor que faz com que a gente identifique traços psicológicos bem parecidos entre seus personagens. Helena e Plínio (Lilian Lemmertz e Fernando Torres), casal mal humorado e humano de “Baila Comigo”, são os ancestrais de Orestes e Lídia (Paulo José e Regina Braga, de “Por Amor), e por aí vai…imperfeitos e queridos!

 

Lilia Cabral será a próxima Helena.

E o futuro? Falam de uma nova novela, com Lília Cabral no papel de Helena (uma das atrizes que mais sabem dizer o texto de Maneco, assim como Tony Ramos). Particularmente, eu preferia o tão sonhado remake da novela “A Sucessora”, trama que sempre tive curiosidade de acompanhar e não o fiz por motivos de idade. Concordo com as críticas desenfreadas à falta de ritmo que imperou “Viver a Vida”, e não gostaria que isso acontecesse numa possível nova trama inédita!Mas não importa o que venha…como fiel e leal escudeiro, não abandonarei meu ídolo na forma que escolher para, como ele mesmo já declarou,  encerrar sua carreira!

 

 

A primeira Helena.

P.S.: A pergunta óbvia…qual minha Helena favorita? Fico entre a de Lilian Lemmertz (Baila Comigo) e a primeira de Regina Duarte (História de Amor). Simples, pouco sofisticadas, humanas e intensas!

 

Veja abaixo as atrizes que viveram as Helenas, do autor:

 

Da esq. para dir., Regina Duarte, Maitê Proença, Christiane Torloni, Vera Fischer, Taís Araujo e Lilian Lemmertz.

 

 

*Thiago Henrick, ou simplesmente TH, é um advogado com alma de Jornalista. Alagoano, recém-chegado a São Paulo com a cara e com a coragem, é um apaixonado por Telenovelas e por músicas, prova disso é o seu excelente Blog, EnTHulho Musical. Como deu para perceber, seu autor preferido é Manoel Carlos, esta é uma das coisas que temos em comum. Siga o TH no twitter.com/henrickmcz

OS 25 ANOS DO REMAKE DE SELVA DE PEDRA

Há 25 anos entrava no ar no horário nobre da Rede Globo o remake de um dos maiores sucessos da emissora, Selva de Pedra. A obra original é de Janete Clair, de 1972, e a nova versão foi escrita por Regina Braga.

A novela teve bons índices de audiência, porém, abaixo de sua antecessora, o mega sucesso “Roque Santeiro”, a novela de maior audiência da Globo.

Com 160 capítulos, foi exibida entre 24 de fevereiro e 23 de agosto de 1986.

Cristiano (Tony Ramos) e Simone (Fernanda Torres)

Sinopse – Selva de Pedra conta a história de Cristiano Vilhena e Simone Marques, vividos por Tony Ramos e Fernanda Torres.

Simone é a unica testemunha da inocência de Cristiano, acusado de assassinato. Eles fogem para o Rio de Janeiro, onde se casam e ele vai trabalhar com o tio, Aristides (Walmor Chagas). O vilão Miro (Miguel Falabella) aproveita-se da ambição de Cristiano para tentar convencê-lo a deixar Simone e se casar com Fernanda (Christiane Torloni), a noiva de seu primo Caio (José Mayer), mas, apaixonada por Cristiano. Miro então persegue Simone em uma estrada e ela capota o carro e passa-se por morta.

 

Falabella como Miro.

Sentindo-se culpado pela morte da esposa, Cristiano não consegue se casar com Fernanda.

A reviravolta da história se dá com a volta de Simone se passando pela sua irmã, Rosana Reis, e acusa Cristiano por tentar matá-la. Porém, a farsa de Simone é descoberta.

 

Fernanda veste vestido de noiva preto.

Uma cena marcante da novela é o casamento de Fernanda com Caio. A noiva entra na igreja com um vestido de noiva preto.

No final, Cristiano e Simone têm um final feliz juntos. E os vilões são punidos. Miro morre ao ser perseguido pela polícia e Fernanda enlouquece.

Regina Duarte e Francisco Cuoco na 1ª versão.

Original – A obra original teve Regina Duarte e Francisco Cuoco como os protagonistas. Fernanda foi vivida por Dina Sfat. Miro, por Carlos Vereza. E Caio, por Carlos Eduardo Dolabella.

A novela exibida em 243 capítulos teve um marco histórico na Teledramaturgia. O capítulo em que Simone é desmascarada deu 100% de audiência na cidade do Rio de Janeiro.

Veja o vídeo em que Simone é desmascarada, na 2ª versão.

 

Fotos: Divulgação