ZAPPIANDO

*Pelo Convidado José Marques Neto

Fiquei pensando na forma em que chegaria ao ao blog do meu amigo Paulo Ricardo Diniz e fazer jus a tão nobre convite.

Escrever sobre um tema tão vasto como é a televisão e saudosista como sou da fase mais romântica de outrora deveria resultar num assunto que abrangesse presente e passado de forma inquestionável.

Claro que Chico Anysio representa muito bem os tempos áureos do humor tanto na tevê quanto no rádio brasileiro.

É da maior importância louvar este que é um dos maiores atores do mundo – afinal interpretar cerca de 200 personagens não é mérito para qualquer um – o que também por tabela nos leva à conclusão de que Chico Anysio é indubitavelmente um gênio já que todos esses tipos saíram de sua inventiva imaginação. Não saíram de páginas escritas por Shakespeare, Tolstoi ou Machado de Assis mas da arte tão ampla, criativa e diversa de Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho.

Chico Anysio já seria gênio só se fosse o excepcional ator e autor dos melhores sem precisar também ser compositor, pintor, escritor de livros e até cantor dentre tantos outros dotes artísticos.

Não vou enumerar o quão importante Chico Anysio é para a cultura pop brasileira, resultaria num texto enorme, optando por lembrar do Chico televisivo que conheci lá pelos anos setenta, quando criança, assistindo ao humorístico Chico City.

‘Isso é muito bom, isso é bom demais’ eram a senha em forma de versos para que corresse para frente da tevê e me encantasse com aqueles tipos tão engraçados quanto brasileiros que entravam pontualmente às quintas depois de O Semideus, ou de Cavalo de Aço, ou de Fogo Sobre Terra, ou de Pecado Capital… As novelas se sucediam no horário das oito e os personagens de Chico City continuavam reinando absolutos nas noites de quinta.

As cores chegaram à Chico City lá por 1975 mas demorariam ainda um pouco a chegar em minha casa, o que me incitava vez ou outra a assistir ao Véio Zuza,  Seu Popó, Lingote ou Pantaleão na casa de meus avós.

Durante os anos 80 e 90 continuou como um dos maiores nomes da Rede Globo de Televisão e sempre foi reconhecido também por valorizar e dar oportunidade para um sem número de comediantes de todas as gerações atuarem em seus programas. Hoje Chico e sua turma ainda podem ser vistos no Canal Viva em duas atrações, Chico Total (produzido em meados dos anos 90) e na inesquecível Escolinha do Professor Raimundo, que era exibida na Globo desde 1990 de segunda à sábado.

Onde mais poderíamos rir com talentos das antigas como Antonio Carlos, Walter D’Ávila, Mário Tupinambá, Zezé Macedo e Costinha e outros da então novíssima geração 90 como Tom Cavalcante e Pedro Bismarck senão na companhia do Professor Raimundo, digo, na companhia do mestre Chico Anysio?

Há poucos dias o velho Chico completou oitenta anos.

Há pouco mais se restabelece de problemas de saúde que obrigaram a um período longo de internação.

Sua arte contudo permanecerá intacta independente de se um dia precisar curtir uma aposentadoria.

Já aquele garotinho que assistia à Chico City em preto-e-branco termina essa modestíssima homenagem lembrando de um domingo, pra ser conciso o Dia das Mães de 1976, quando estava na casa da sua bisavó em Botafogo e nunca apagou da memória esse momento:

O Brasil aplaude Chico Anysio. Emoções assim não têm preço.

 *José Marques Neto, ou simplesmente Neto, é também carinhosamente conhecido como “Sr. Mofo TV”. Tudo pelo canal online com este nome que ele mantém. O material do Mofo TV provém da vasta coleção de seu editor, em VHS.  Além do Blog, Neto também escreve em colunas para outros sites e é uma boa fonte para programas de TV e reportagens sobre o universo televisivo. 

Em 2009, tive a honra de contar com a participação dele no meu Trabalho de Conclusão de Curso, o Vídeo-Documentário “Fábrica de Ilusões – Décadas de Telenovelas – Do Realismo ao Fantástico”.

Você pode visitar o Blog Mofo TV: http://www.mofotv.blogspot.com/ e seguir o Neto no twitter.com/Marque_Neto.


Foto: Divulgação

Vídeos: Youtube / Mofo TV

@diniz_paulinho

Comentários em: "SORRIA MEU POVO, CHICO REI CHEGOU" (3)

  1. perfeito, completo, especial este post.
    Só podia ser obra do Neto, a memória personificada da tv brasileira, é o cara.

  2. Ih, Neto, acho que cê devia escrever mais vezes, viu. A tua escrita é gostosa, super envolvente. A gente começa a ler e vai…
    Quanto ao Chico: melhoras. Infelizmente, não tenho lembranças tão fortes dele, nem desse tempo áureo e prodigioso, do Chico City. Mas acompanhei a fase final da Escolinha ali, nos fins de tarde de 2001, antes de Malhação e posso garantir, que fiquei super órfão quando acabou.

  3. Ivan disse:

    concordo com o Eddy, seu texto é delicioso Netão!

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